Saúde Corporativa – Como manter sua empresa saudável durante e após a Pandemia.

O conceito de Saúde Corporativa é abrangente. Na verdade, reúne três vertentes da promoção em saúde e prevenção de doenças nas empresas.

Procurando dar um enfoque prático ao que escrevo, vejo como principal objetivo da Saúde Corporativa a diminuição do impacto dos agravos em saúde no contexto empresarial e suas repercussões na eficiência produtiva das empresas.

Assim, é entendida como a fusão da Saúde Ocupacional (como o trabalho impacta a saúde dos colaboradores), da Saúde Individual (como a saúde dos colaboradores impacta no trabalho) com a Saúde da Comunidade ou Coletividade (como a saúde pública impacta nas empresas).

Portanto, se faz necessário o cuidado integrado: assistencial, ocupacional e prevenção de riscos.

Os benefícios para empresa são inúmeros. Dentre eles se destacam: conhecer o perfil de risco de seus colaboradores e dependentes, realizar medidas precoces de prevenção, prevenir ou retardar o aparecimento de doenças crônicas, diminuir o absenteísmo, os gastos com afastamento e substituição de funcionários.

Igualmente, para as Operadoras e Seguradoras de Saúde contratadas pelas empresas temos o benefício de redução da sinistralidade (diminuição com os custos assistenciais) e melhora da relação financeira empresa-operadora, pois impacta diretamente nos reajustes dos planos contratados.

Para o colaborador os ganhos também são enormes: bem-estar, qualidade de vida e melhora no autocuidado, estão entre os principais.

Portanto, quando implementado e bem executado, um programa de Saúde corporativa impacta de forma extremamente positiva na sustentabilidade de toda cadeia produtiva levando a um ciclo virtuoso de equilíbrio entre todos os stakeholders.

“O que não pode ser medido não pode ser gerenciado”  – Deming

Para garantir a eficácia de um programa de saúde corporativa devemos lançar mão de indicadores operacionais, tais como, dados demográficos, absenteísmo, questionários de qualidade de vida e também dos indicadores de saúde: índice de utilização do plano de saúde, internações, terapias por colaborador, presença de doenças crônicas(ex: diabetes, hipertensão arterial),tabagismo, consumo de álcool, realização de atividade física e medidas de cuidado com a saúde mental..

E a inovação, pode ajudar?

Imagine a reunião de todos esses dados, obviamente obedecendo todas as diretrizes propostas na LGPD, principalmente no que tange a confidencialidade dos diagnósticos, visto que, são dados sensíveis. Considerando tudo isso, usando Big data, analytics e até inteligência artificial, podemos de forma mais assertiva e precoce, abordar os colaboradores susceptíveis a determinados riscos no sentido de prevení-los, verificando por exemplo, a cobertura vacinal de seus dependentes ou presença de obesidade. Também podemos gerenciar os casos já diagnosticados e manter as doenças crônicas sob controle evitando idas ao Pronto Atendimento e Internação que levariam a altos custos.

De forma mais específica e personalizada, poderíamos mapear os casos mais difíceis que demandam recursos diferenciados e tratamentos de alta complexidade.

A tecnologia da informação é bastante promissora nesse contexto. Considerando ainda a possibilidade de integração dos dados de saúde em um registro eletrônico local ou mesmo nacional, onde teríamos acesso aos exames prévios contribuindo sobremaneira nas agudizações das doenças e evitando-se desperdício com repetição desnecessária de exames.

Os recursos de telessaúde (turbinados na pandemia) serão o “novo normal” no Brasil daqui para frente e também se encaixam perfeitamente na saúde corporativa com atenção especial ao telemonitoramento de várias doenças e em particular as da esfera emocional, uma das principais causas de adoecimento no mundo moderno e que impactam diretamente na produtividade do trabalhador. As empresas devem incentivar medidas de higiene mental e relaxamento, um clima organizacional harmônico como forma de minimizar o stress laboral. A teleconsulta em Psicologia e Psiquiatria é de grande valia nessa avaliação.

Por fim, as empresas que estimulam o bem-estar dos seus colaboradores, certamente os terão por mais tempo, mais engajados e mais produtivos, pois se sentirão acolhidos e protegidos, pela instituição que escolheram para dedicar seus esforços diários e terão grande probabilidade de colher melhores resultados que outras que não seguem essa estratégia.

Newton Nunes de Lima Filho

Médico e Vice-Presidente da Unimed Teresina

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