Comunicação e troca de informações são prioritários na área da saúde. Porém, manter o controle dos dados de pacientes e da gestão da empresa, consultório, clínica ou centro médico é algo difícil, que dificulta o entendimento do ecossistema como um todo por todos os players envolvidos.
Sem acesso contínuo a grandes conjuntos de dados, as partes interessadas na saúde só podem trabalhar com fragmentos clínicos, financeiros e socioeconômicos de um paciente. A indústria vem trabalhando constantemente para melhorar o fluxo de dados entre diferentes sistemas de EHR (Electronic Health Record – Registro Eletrônico de Saúde) e através de limites geopolíticos, obtendo resultados promissores.
Em 2015, os EUA reportou que mais de 80% dos hospitais federais disponibilizaram e integraram dados laboratoriais, relatórios de radiologia, resumos clínicos ou listas médicas com prestadores de cuidados de saúde externos e mais de 90% dos hospitais com essas capacidades de troca podem acessar dados externos no momento de atendimento.
No Brasil, são realizados aproximadamente 120 milhões de procedimentos médicos por ano. Entretanto, a falta de interoperabilidade entre o SUS e sistemas privados não permite correlacionar esses dados com outros fatores, como idade, região, classe social ou fatores clínicos, como necessidade, casos semelhantes, etc.
No último ano, o Ministério da Saúde comprou três supercomputadores por R$67 milhões para integrar informações do SUS no país. Esse sistema deveria estar operante desde março deste ano, porém ainda não temos informações mais detalhadas de seu funcionamento.
Porém existe muito trabalho antes que todos os players possam acessar de forma confiável dados completos e precisos para a tomada de decisões.
Os padrões de dados incompatíveis, a má gestão da informação, os mal-entendidos das leis de privacidade e uma grande falta de talento e recursos torna difícil a comunicação livre dos dados de saúde.
Nestas questões, os EUA tem implementado políticas que podem ser exemplos para o Brasil.
Organizações regionais norte-americanas de informação sobre saúde (RHIOs) e os intercâmbios de informações de saúde (HIEs) de nível estadual fornecem apoio, treinamento e recursos para melhorar a integração de sistemas de dados a nível local e continuar a desempenhar um papel vital nas comunidades que procuram expandir o intercâmbio de informações e as competências de análise em larga escala.
Nos últimos anos as agências americanas ligadas a saúde entenderam que aumentar a segurança dos dados requer mais do que centenas de data scientist, mas também marketing para aumentar a percepção dos players sobre a segurança.
Disponibilizar conhecimento e divulgar os avanços obtidos são estratégias que facilitam a transformação no setor.
Os tomadores de decisão muitas vezes se veem pressionados por investidores, sócios ou pela comunidade em iniciar procedimentos complexos e que podem enfraquecer a empresa. Mesmo que os players decisores entendam a necessidade da troca de informações, os demais players precisam ter acesso a visão sistêmica de longo prazo, visualizando os avanços que a troca de dados pode trazer.
Obrigado,
Felipe Ricci
Health Innova HUB Development Program