A interação entre grandes corporações e startups no Brasil sempre foi algo desafiador para ambas as partes, porém uma grande necessidade para o mercado como um todo. No setor bancário brasileiro, programas como InovaBra, do Bradesco e CUBO, do Itaú, sistematizaram e organizaram a relação entre startups e grandes corporações, mas este é um movimento que apenas se inicia no Brasil, em especial no setor da saúde.
Tradicionalmente, corporações consolidadas no mercado, com anos de história e um nome a zelar, procuram correr o menor risco possível ou não correr risco algum, promovendo inovações incrementais e evitando a disrupção.
É lendária a história que Steve Jobs foi quem viu o valor do mouse no XEROX PARC, enquanto o establishment da companhia não via uso para aquela solução, que naquele momento tinha três botões e custava USD 300 , Steve Jobs, junto com a IDEO, reduziram o número de botões de três para um e chegaram a um valor de USD 15, o que tornou a tecnologia acessível para um segmento muito maior da população.
Foto: Mouse original da Apple
As startups, por outro lado, buscam crescimento acelerado, com grande foco, com a finalidade de se destacar em um mercado tão inovador, mas muitas vezes enfrentando grandes dificuldades para estabelecer parcerias e relações comerciais com grandes corporações.
Em meio a essa nuvem densa de informação, a Harvard Angels do Brasil, organização não-governamental de alunos investidores-anjo de Harvard do Brasil, resolveu realizar uma pesquisa junto a grandes empresas com a finalidade de elucidar o atual status da interação entre empresas e startups, o denominado CORPORATE VENTURE

Com patrocínio da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), da Inovativa Brasil e do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o estudo implicou em compreender o atual estágio do Corporate Venture no Brasil, denominado pelo estudo como qualquer relação entre startup e empresa, desde a eventos periódicos, até processos de aceleração e investimento.
É sabido que o investimento do setor privado é o grande acelerador do crescimento de inovação no exterior, porém no Brasil, a maior parte deste investimento vem do setor público, assim é preciso conhecer melhor o status do corporate venture no Brasil e entender quais são as melhores práticas e os desafios para ter sucesso neste setor.
O estudo demonstrou que é difícil engajar os executivos de organizações, no relacionamento com startups, porque o desfecho é incerto, demanda tempo e os resultados não são visíveis no curto prazo. Isso se deve tanto a cultura empresarial quanto aos problemas relacionados com a interação entre empresa-startup.
O estudo mostra que 70% dos investimentos em corporate venture não demonstraram resultado e que apenas 20% dos produtos lançados são bem sucedidos, logo retorno financeiro não deve ser o principal objetivo para realizar corporate venture, mas sim interação estratégica com tecnologias disruptivas ou de potencial estratégico para a organização.
Realidade do Corporate Venture no Brasil:
- 70% dos investimentos em Corporate Venture não deram certo
- Menos de 20% dos lançamentos de produtos são bem sucedidos
- Dificuldade de escolher melhor modelo de interação e com quais startups se relacionar
- Dificuldade de engajar os executivos da organização
A realidade mostra que é difícil escolher o melhor modelo de interação e com quais startups se relacionar, sendo que grandes empresas e startups vivem em ecossistemas diferentes, não havendo um framework ou linguagem comum !

Com o estudo realizado pela Harvard Business School, algumas etapas de aperfeiçoamento da interação empresa-startup foram estipuladas. O mapeamento do grau de interação promoveu o desenvolvimento de padrões para medir os diferentes estágios de intensidade em que as corporações se encontram, possibilitando a identificação de arquétipos copiáveis e que guiem as empresas nesse ecossistema.
As percepções encontradas traçaram caminhos a serem seguidos para aumentar e estimular de forma profunda e sólida o ecossistema.
Assim, 4 quesitos foram especificados: Inovação, Financeiro, Marketing, Cultural.
A inovação se relaciona com a criação de soluções, de produtos e de mercados, aumentando vendas e lucros.
Financeiramente, o investimento deve ter retorno, independentemente da relação entre os negócios.
Alavancar a imagem da empresa, vinculá-la a empreendedorismo, inovação e responsabilidade social são mantras do marketing moderno.
E culturalmente, a criação de um mindset empreendedor entre os funcionários é característica essencial para contemplar resultados nesse mercado.

Refletir esses 4 pontos é essencial para que o ecossistema e as interações empresa-startup se tornem recorrentes e benéficas para ambas as partes e para o usuário.
Programas de aceleração de startups bem estruturados serão recorrentes em grandes empresas. No exterior esse sistema já é reconhecidamente eficaz e traz retorno de grande impacto, o que reflete em empresas multinacionais e permite uma abertura para tais problemas burocráticos.
No Brasil, as empresas preferem se relacionar com startups em fase de tração/escala, enquanto que pelo lado das startups são poucas que se encontram maduras o suficiente para estarem nessa fase.

A solução desse problema é essencial para que exista de fato uma evolução positiva nesse quadro. A interação entre empresa-startup deve ocorrer também em fase inicial para que a startup chegue com mais vitalidade e mais rapidamente a fase de escala, já que demonstra tanto para a startup quanto para o mercado que tal solução ou inovação tem um suporte técnico mais forte e consolidado, diminuindo as brechas de possível declínio da startup.
Por outro lado, estruturar as startups e capacitar seus colaboradores é necessário para que empresas se sintam seguras nessa empreitada. Isso deve ocorrer com apoio de aceleradoras, do governo e das próprias empresas, que veem esse ecossistema fértil e de grandes possibilidades ainda em seu primeiro grande ciclo no Brasil.
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Atenciosamente,
Felipe Ricci e Fernando Cembranelli
Berrini Ventures Leaders Program e CEO Berrini Ventures
fernando@hihub.co