E se fosse possível prever pandemias como a do COVID-19?

Antes de iniciar, quero te convidar a fazer uma viagem no tempo, mais precisamente no futuro. Certamente se você soubesse o que aconteceria amanhã, possivelmente suas ações no presente seriam complementamente diferentes, certo? Então vamos lá.

Imagine-se em um universo em que a pandemia do coronavírus tivesse sido prevista com meses de antecedência. Lá, os hospitais não tiveram problemas com escassez de recursos, pois contaram com inteligência artificial para ajudar a administrá-los e a telemedicina já é utilizada há tanto tempo, que as idas desnecessárias aos consultórios e hospitais já são coisa do passado. Por isso, os riscos de contaminação são menores e a contenção é mais fácil e rápida. Além disso, nesse universo, drones levam às casas das pessoas exames para detecção da contaminação, favorecendo o isolamento social. Seria incrível viver nesse lugar, não?

Essa é uma ilustração de como seria um mundo com uma saúde digital já madura e bem estruturada. Quase uma utopia. Uma utopia que poderia ser a realidade.

Isso porque as tecnologias necessária para tal, já existem. Diversas soluções para tornar este universo real já estão no mercado. O grande problema ainda é a escala. Com pouco incentivo, público e privado, e falta de políticas, é difícil enxergar essa realidade como sendo nossa a curto prazo.

Mas nem tudo está perdido. A pandemia do COVID-19 possibilitou que a saúde digital se mostrasse como uma solução adequada ao combate ao vírus desde o princípio. Este pode ser o estopim para a aceleração digital que desejamos. 

Hoje convido você, leitor, a imaginar como poderíamos manejar a pandemia com saúde digital, se estivessemos preparados.

No nosso artigo “Como a inteligência artificial ajuda a combater o coronavírus?”, aprofundamos um pouco mais sobre os benefícios do uso de IA no combate ao COVID-19.

Prevendo a chegada da pandemia com Inteligência Artificial

 Indispensável em nossa utopia de saúde digital, a inteligência artificial poderia alertar especialistas sobre uma pandemia iminente com uma antecedência de semanas, ou até mesmo meses.

Através da análise de dados de notícias ao redor do mundo, companhias aéreas e surtos de doenças em animais, ferramentas de inteligência artificial podem fazer esse tipo de previsão em minutos, possibilitando que epidemiologistas façam análises e emitam alertas às autoridades, dando aos governos, hospitais, empresas e à população como um todo, mais tempo para se prepararem para o que está por vir e tomarem as atitudes necessárias. 

Na vida real, a BlueDot, uma empresa de inteligência artificial,  foi umas das primeiras no mundo a identificar o surto emergente de COVID-19 em Hubei, na China, e emitir o alerta. Foi também a primeira a publicar um artigo científico sobre a doença, prevendo com precisão sua disseminação global.

Os hospitais são outro setor que poderia se beneficiar da inteligência artificial, para administração de recursos, evitando um colapso com a chegada da doença. Mas, embora já existam estudos e até soluções para isso, a adoção ainda é escassa e o que temos visto são hospitais por todo o mundo lutando para conseguir EPI’s para garantir a segurança dos profissionais de saúde e dos pacientes.

Saúde baseada em dados com segurança e privacidade

 Nessa utopia de saúde digital, não há também, preocupações com a garantia de segurança e privacidade dos dados dos pacientes. Não porque não sejam questões importantes, mas porque elas já foram resolvidas por blockchain e outras ferramentas de segurança da informação.

Por isso, os dados ficam disponíveis para serem utilizados para criar insights com o objetivo de rastrear e combater o avanço da doença.

Enquanto isso, por aqui, universidades como o MIT têm trabalhado em protótipos que permitem o uso de dados baseados nos registros de atividades da população em seus smartphones para rastrear a doença, de forma segura e anônima para os usuários.

Cuidados sob demanda

Mais um grande benefício que é possível encontrar neste mundo utópico são as soluções em sensores e wearables digitais, que oferecem informações em tempo real sobre a saúde de seus usuários. Esse grau sofisticado de telemetria em saúde permitiria, que, caso reconhecidos os sintomas da doença, um médico fosse acionado, para orientar o paciente sobre quais ações tomar em seguida.

Além disso, com uma integração com o histórico médico do paciente, seria possível prever se o paciente está em situação de risco e, em caso positivo, encaminhá-lo para uma internação preventiva.

Quando houvesse suspeita de contaminação, o paciente não precisaria mais ir a um hospital realizar o exame. Bastaria solicitar um kit de testagem, que seria levado até o paciente por um drone e posteriormente devolvido da mesma forma, eliminando a necessidade de contato entre humanos.

Em Rwanda, na África, e no Reino Unido, testes com o uso de drones para transporte de suprimentos médicos já são uma realidade.

Telemedicina já têm seu espaço conquistado 

O último ponto de destaque em nossa utopia é a telemedicina. Como uma prática já bastante utilizada, é considerada uma forma comum de cuidado em saúde. Por isso, não há grande mudança quando chega uma pandemia. A atenção só precisa ser redobrada nos casos que realmente exijam testes ou atendimentos presenciais.

Por isso, o destaque vai para como a tecnologia consegue ajudar a manejar as situações de pandemia, com o uso de robôs telemáticos para monitorar e tratar pacientes, capazes de comunicar remotamente às equipes médicas, sobre o estado vital dos pacientes.

No nosso mundo real, a telemedicina está provando o seu valor só agora. Se antes tinha pouca adesão por médicos e pacientes de todo o mundo, hoje as plataformas de telemedicina já registram centenas, ou até mesmo milhares de atendimentos diários realizados.

Robôs telemáticos atuando em saúde já têm sido vistos em países como a China, assim como robôs de limpeza, que ajudaram a desinfectar os quartos dos hospitais de Wuhan.

 Como eu disse, a tecnologia necessária para avançarmos a saúde digital no mundo, para um patamar que hoje parece impossível, já existe. Assim essas aqui citadas, há diversas outras iniciativas em health tech nascendo pelo mundo.

Para transformar de verdade a saúde digital, rumo à saúde que queremos no futuro, é preciso uma verdadeira transformação cultural e, talvez, a pandemia atual seja o triste, mas necessário estopim que para dar início, de uma vez, a essa mudança. 

O que precisamos de fato é de uma virada de chave no mindset de governos e grandes instituições de saúde. Caso contrário, continuaremos a ver essas soluções tecnológicas apenas como iniciativas isoladas, pequenas e regionais.

Falar sobre Transformação Digital em saúde e saúde digital hoje é mais importante do que nunca. Precisamos estar preparados para possíveis novas pandemias no futuro, utilizando todos os recursos que estiverem disponíveis. Por isso precisamos, urgentemente, fazer da saúde digital uma realidade global.


Autora: Isabela Abreu
CEO & FOUNDER REDFOX SOLUÇÕES DIGITAIS
Empresa especializada em Transformação Digital na Saúde.
RedFox Soluções Digitais

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