Esta semana dois grandes eventos de digital health acontecem ao mesmo tempo, no mesmo lugar: desta quarta até sexta-feira em Barcelona, Espanha. O mais conhecido internacionalmente, Health 2.0, realiza a sua conferência europeia com a expectativa de público de cerca de mil pessoas. O segundo está estreando na arena de eventos de saúde, mas dá a partida com três mil inscritos. Esse é Healthio e, no mínimo, tem um formato interessante, que pode pegar mundo afora.
Primeiro, as semelhanças. Health 2.0 e Healthio são realizados paralelamente, a apenas metros de distância um do outro, na Fira Barcelona, o principal espaço para feiras da capital catalã. Ambos procuram inovação e, claro, chovem start-ups na programação. Há conferências, gente relevante de vários países, diversidade de assuntos. E só.
Pode parecer exagero, mas as semelhanças acabam aqui. Não há muito mais em comum entre os dois eventos – exceto que, à primeira vista, um parece querer atropelar o outro, embora isso talvez não passe mesmo de uma impressão inicial. Logo saberemos.
Agora, há diferenças, e essas são muitas.
Health 2.0 tem dez anos de trajetória, pontuada por mais de 25 mil assistentes a suas muitas conferências em todos os continentes. Apesar de grandioso, Health 2.0 foi criado, em 2007, para encaixar os ‘rebeldes’ da indústria, a vertente mais tecnológica, criativa e ousada. Suas conferências são famosas pelas demos de novas soluções – quatro mil até agora -, além de gente antenada com as novidades e a presença de investidores de peso.
Para fazer essa máquina rodar, são cobradas entradas que, para a realidade espanhola, são salgadinhas – 360 € para profissionais de saúde e 665€ para start-ups sem investidor. Até os participantes que fazem as suas demos – ou seja, geram parte do conteúdo que atrai o público – pagam para estar no palco.
Healthio, por outro lado, vai na contramão: é gratuito. Qualquer pessoa, seja ou não do setor, pode ir e para isso basta pedir um convite ou gerar a sua própria entrada com os códigos que estão circulando pelas redes sociais.
Mas, apesar da ousadia de organizar um evento sem receita de entradas, o diferencial de Healthio é outro. Criado por Jordi Serrano, médico consultor da OMS e autor do aplicativo Universal Doctor, o evento tem um conceito central – empoderar o paciente – e para chegar até ele, foram criados ‘itinerários’ para juntar profissionais, centros de saúde, startups e, claro, gente como a gente. Nesses ‘tours’, os assistentes aprenderão sobre a ciência por trás das doenças e, mais importante, como lidar com elas, de acordo com os últimos avanços.
Os dois eventos começam amanhã, 3 de maio, e estarei ali como start-up expositora. Estou curiosa para ver se Healthio vai chegar lá, no ‘empoderamento’. Para a comunidade de profissionais de saúde de Barcelona, o evento já é um sucesso e todo mundo diz que vai. Mas só por ousar no formato, fugindo do tradicional fala-que-eu-te-escuto, já está bom pra mim.
- Patu Antunes mora em Barcelona e é diretora de marketing e comunicação da PlayBenefit.