Uma conseqüência inesperada da pandemia do Covid-19 é que os governos de todo o mundo precisam repensar o papel da tecnologia digital na área da saúde.
Os maiores impactos na pandemia estão acontecendo na saúde digital e na monitoração da circulação das pessoas (“staus de bio-vigilância”).
Para manter as pessoas afastadas dos hospitais, por exemplo, os governos dos EUA e da Austrália aprovaram o reembolso pelas consultas por telemedicina, permitindo que os pacientes falem com os médicos por meio de link de vídeo.
O governo do Reino Unido lançou um chatbot de coronavírus para aliviar a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (NHS) e reduzir o contato pessoal. Especialistas dizem que essas inovações ajudarão a longo prazo, reduzindo o uso desnecessário de serviços de saúde que já estavam lutando para atender às necessidades de uma população em envelhecimento, muito antes de ocorrer o Covid-19.
Os aplicativos de IA, incluindo a computação conversacional, podem ser muito úteis para atender a essa demanda.
A crise da Covid-19 tem proporcionado um grande impulso na saúde digital. Os governos já estavam trabalhando em novas regras para facilitar o surgimento da saúde digital, variando de aplicativos e dispositivos vestíveis (“wearables”) a terapias “digi-cêntricas” que dependem de um software como um componente-chave no gerenciamento de uma doença. O digital na saúde será um componente muito importante do “novo normal.
A Alemanha aprovou uma lei em novembro de 2019 para permitir que os médicos prescrevessem aplicativos de saúde, com custos reembolsados pelas seguradoras. Tais medidas representam “um impulsionador da inovação na área de saúde alemã”,
É o primeiro modelo desse tipo na Europa, em termos de reembolso de prestadores de serviços de saúde por meio de seguro de saúde estatutário. Esta é uma grande novidade.
Os reguladores também estão empenhados em particionar os repositórios de dados para melhorar a liberação da inovação na medicina digital e na IA. A União Européia está integrando dados entre os países membros para permitir prescrições digitais transfronteiriças e troca de dados dos pacientes, e os EUA aprovaram recentemente regras para permitir que os dados fluam de maneira mais uniforme entre os programas de assistência médica Medicare e Medicaid.
Os ensaios clínicos poderiam mudar significativamente graças aos avanços da IA. A tecnologia tem o potencial de melhorar a logística, como a seleção e inscrição de pacientes, digitalizando rapidamente prontuários eletrônicos dos pacientes e critérios de elegibilidade para ensaios clínicos.
A IA poderia melhorar a seleção de participantes, examinando os prontuários eletrônicos dos pacientes. Informações genéticas e dados não estruturados, incluindo anotações dos médicos, para encontrar os melhores ajustes entre as terapias propostas e as assinaturas de doenças. A IA também poderia ajudar na estratificação de pacientes e na identificação de novos biomarcadores que possam ser importantes e levar a uma mudança no estudo
Um outro tema digital que está em voga em alguns países que estão combatendo pandemia é o “staus da bio-vigilância”. Na China e na Coréia do Sul, as empresas de tecnologia estão desempenhando um papel crítico na facilitação de quarentenas e restrições de mobilidade. Isso inclui a distribuição de códigos QR por aplicativos que atribuem códigos de cores que determinam o status da quarentena, com base em fatores como histórico de viagens, tempo gasto em áreas infecciosas e relacionamentos com portadores de vírus (“contact tracing”). Isso levou a alegações de classificações imprecisas e estigmatização dos doentes.
A velocidade do bloqueio do Covid-19 na China não pode ser facilmente desvinculada de uma infraestrutura de vigilância tecnológica que também permite o rastreamento de dissidentes políticos e grupos minoritários.
O tema de “bio-vigilância” ainda vai provocar muita discussão no mundo mas entendemos que de alguma forma este tipo de serviço será um componente do “novo normal”.
Mais detalhes sobre como será o “novo normal” na saúde ver: Uma excelente visão da Mary Meeker sobre o futuro pós-Covid-19!, Startup Saúde, 07.mai.2020
[…] Os reguladores de saúde também estão empenhados em particionar os repositórios de dados para melhorar a liberação da inovação na medicina digital e na IA. A União Européia (UE) está integrando dados entre os países membros para permitir prescrições digitais transfronteiriças e troca de dados dos pacientes, e os EUA aprovaram recentemente regras para permitir que os dados fluam de maneira mais uniforme entre os programas de assistência médica Medicare e Medicaid (ver Covid-19: o impacto da “digitalização” na saúde, Startup Saúde, 18.mai.2020). […]