A telemedicina em um sentido amplo pode ser definida como o uso das tecnologias de comunicação e informação na saúde, a fim de induzir um ecossistema que viabilize a oferta de serviços ligados ao cuidado da saúde com maior eficiência, ampliação da atenção e da cobertura, redução de desperdícios e aceleração de processos decisórios e resolutivos.

No dia 27/03/2019 tive a oportunidade de conversar com o Dr. Carlos Camargo, CEO da Brasil Telemedicina sobre Telemedicina no Brasil, confira a entrevista

Dr. Carlos, gostaria que você contasse um pouco da sua trajetória empreendedora até a criação da Brasil Telemedicina e quais foram os motivos que te incentivaram a montar a empresa.

Eu sou cardiologista há 38 anos me formei em 1981 pela Faculdade de Medicina de Catanduva. Fiz residência em São José do Rio Preto em cardiologia e fui para Minas Gerais, terra de nascença da minha esposa e fiquei lá durante quase vinte anos. Nesse período que estive em minas, construí um hospital, sempre fui muito empreendedor, sempre lutei para fazer as coisas, sou de origem humilde, meu pai era pedreiro e minha mãe costureira.

Em 2010 resolvi voltar para Campinas e como sempre gostei de inovar, decidi partir para uma coisa diferente e comecei a mexer com laudos e eletrocardiograma que, na época, eram feitos por e-mail inclusive. Comecei a contatar pessoas, ofereci meu trabalho, entregava os laudos todos no mesmo dia e meu trabalho começou a crescer.

E como foi o crescimento da Brasil Telemedicina?

Em dezembro de 2010 eu já estava com 6 ou 8 clientes, em 2011 finalizei com 87 e hoje estamos com mais de 3000 clientes. Hoje temos um sistema bem forte, com muitos servidores, recebemos uma média de 3000 exames para laudo por dia, estamos presentes em mais de 700 cidades do Brasil, temos hospitais de grande porte que trabalhamos laudando eletrocardiogramas de emergência e fazendo orientação de conduta.

Dentre os produtos que vocês oferecem hoje, qual tem a maior procura?

A maior procura hoje são os laudos, o Laudo é o nosso carro chefe.Porém, de uns dois meses para cá estamos com uma procura muito grande do ambulatório médico de especialidades a distância, o qual oferece orientação de conduta para colegas via internet.

Hoje, com a internet, as pessoas acessam as informações com muito mais facilidade. Nesse contexto digital, como você avalia o papel do paciente no processo de cuidado da saúde?

Quando eu me formei em 1981, não existia computador, celular, o paciente ia ao consultório em busca de uma orientação médica total.Hoje, ele já vem com muitos diagnósticos que encontrou na internet e nós temos que entender que essa relação médico-paciente mudou. O paciente de hoje está sendo empoderado pela internet com muitas informações sobre a saúde e isso é bom, pois ele aprende a fazer prevenção primária e a cuidar da própria saúde com maior autonomia e isso vai acontecer cada vez mais. Atualmente, o paciente vai ao médico para confirmar as informações que coletou na internet e o nosso papel também é fazer a orientação correta para esse paciente sobre as informações que nos foram trazidas por ele.

Antigamente, nós tínhamos o domínio do paciente, hoje, já dividiu e quem domina é o paciente que se empodera de informações e isso acaba gerando um medo na classe médica: o medo de ser substituído pela máquina.

Concluo minha entrevista com o Dr. Carlos Camargo com a certeza de que a telemedicina colabora para um processo de maior de integração no sistema de saúde, pois no ponto de vista social ela contribui para a efetivação do direito à saúde– universal, integral e equânime, visto que locais com escassez de profissionais, sem equipamentos de qualidade serão contemplados com o desenvolvimento e alcance dessa tecnologia.

Impulsionar a telemedicina, também é impulsionar a humanização, pois você passa a valorizar mais os sujeitos no que tange a oferecer a eles uma maior autonomia no cuidado; conforto quando falamos de Homecare, especialmente, para idosos e deficientes físicos; respeito com as pessoas que, muitas vezes, aguardam horas nas filas de hospitais devido a lotação dos prontos socorros; direito a saúde ampliada para pessoas que moram em locais de difícil acesso; continuidade do cuidado, pois os retornos, dúvidas podem ser conversadas via internet, efetivando a fidelização dos clientes.