A Saga da Telemedicina!

Tenho acompanhado os “passos tortuosos” da telemedicina no mundo e no nosso país há algum tempo.

A narrativa dessa estória – como uma autêntica “saga” – é permeada de incidentes positivos e negativos.

Desde 2016 com esta matéria Como a Telemedicina está transformando a Saúde, Saúde Business, 26.ago.2016 que eu acompanho de perto o tema. Nela já podíamos constatar a existência da resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) de 2011 destacada abaixo.   

O Whatsapp começou a ser usado no Brasil em 2009 e foi abraçado pela classe médica para trocar mensagens com os pacientes embora os médicos sempre dissessem que não praticavam consultas pela ferramenta digital … bullshit!.

Talvez estimulado pelas conversas médico-paciente através do Whatsapp, o CFM publicou Resolução CFM Nº 1.974 de 19 de agosto de 2011 que ainda era conservadora em termos do uso da telemedicina.

Em fevereiro de 2019, o CFM publicou a Resolução CFM no. 2227 que regulamentava os atendimentos online no Brasil. Nessa altura do tempo, já era fato que o CFM reconhecia definitivamente a chegada dos “meios digitais” na relação médico-paciente e não tinha como ficar “travando” a evolução do atendimento médico à distância.

Eis que em fevereiro de 2020 chegou a pandemia da Covid-19 com suas proporções gigantescas de uma grave crise sanitária e os governos em todo o mundo reconheceram que precisavam de “algo mais” para suportar a brutal avalanche dos atendimentos médicos. Então eles apelaram para a velha (e sempre desprezada) conhecida: a telemedicina! A primeira vítima mortal do coronavírus no Brasil ocorreu em 12 de março de 2020. A partir da constatação da necessidade do uso da telemedicina, no nosso país logo em 19 de março o CFM encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde reconhecendo possibilidade de atendimento médico a distância durante o combate à Covid-19. A decisão vale (ainda) em caráter excepcional e enquanto durar o combate à pandemia de Covid-19.

No Brasil ainda estamos “afundados” no meio da pandemia do coronavírus – e completamos o recorde de 100.240 mortos em 08 de agosto – mas acreditamos que teremos novidades futuras (e positivas) na “saga” da telemedicina.

Para corroborar o nosso sentimento na “perpetuação” futura da telemedicina, vamos destacar alguns movimentos recentes associados a esse serviço digital na saúde.

Na semana passada o presidente Trump dos EUA resolveu adotar a telemedicina “para sempre” assinando uma ordem executiva para transformar o serviço de telessaúde provisório na pandemia em serviço permanente (Telehealth to become permanent under Trump executive order, Healthcare Finance, 03.aug.2020), expandir o serviço de telessaúde (Trump signs order expanding use of virtual doctors, The Hill, 03.aug.2020) e também levá-lo para a área rural (Trump signs executive order to expand telehealth, boost rural health care, Fierce Healthcare, 03.ago.2020). Com a sua ordem executiva, o presidente Trump deu uma bela alavancada “na moral” dos serviços de telemedicina nos EUA e, por conseguinte, … no mundo!

Depois da decisão do Trump, se considerarmos a famosa frase “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” do famoso político baiano Juraci Magalhães, seria natural que o atendimento remoto de pacientes se tornasse também uma realidade permanente por aqui (e regulamentado pelo CFM) e nós nem precisássemos da “admiração” que o “Capitão Corona” tem pelo presidente americano.

Na mesma semana passada da ordem executiva do Trump, uma fusão que envolveu a “bagatela” de 18,5 BUS$ (sic!) uniu as empresas de serviços de telemedicina Livongo e da Teladoc, duas das maiores empresas de capital aberto em saúde digital e foi carimbada depois de uma negociação de menos de três meses e que se desenrolou no contexto de bloqueios e quarentenas generalizados da pandemia de coronavírus. O acordo, anunciado em 05.ago, reuniu dois participantes de serviços complementares em um mercado em rápido crescimento. A Teladoc, que oferece consultas médicas virtuais para necessidades médicas crônicas, há muito planejava oferecer mais serviços para pacientes com doenças crônicas como diabetes. A Livongo, especializado em treinamento remoto para diabetes, entre outras condições crônicas, também estava considerando uma mudança para a telessaúde (How Livongo and Teladoc closed an $18.5 billion deal during a pandemic, CNBC, 05.aug.2020).

O crescimento dos serviços de telemedicina durante a pandemia tem atingido patamares “estonteantes” nos EUA (Telehealth Patient Volume Skyrocketed 4,000% in Pandemic, Global St., 23.jun.2020 e Telehealth Claim Lines Increase 8,336 Percent Nationally from April 2019 to April 2020, PR Newswire, 07.jul.2020).

Nos EUA, o caminho futuro da telemedicina está traçado e será muito pródigo!  

No Brasil ainda não sabemos como será o caminho da telemedicina. Dependerá do “Capitão Corona”, do seu “General Cloroquina” (há 85 dias interino no cargo) e do CFM mas enquanto esperamos, o atendimento médico à distância já ganha tração no nosso país (Regulamentação da telemedicina e Covid-19 fazem crescer serviço com consultas virtuais, Estadão, 20.jul.2020 e Especialista afirma: telemedicina veio para ficar e é o mínimo necessário, Brasil Telemedicina, 06.jul.2020). As operadoras de saúde também apostam nos serviços de telemedicina (Pandemia faz Amil antecipar telemedicina a 3,6 milhões de clientes, Estado de Minas, 17.abr.2020).

Para mais informações sobre os serviços de telemedicina ver as referências abaixo, a saber:

Emitido por Eduardo Prado

Data: 08.ago.2020

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